Além das atividades feitas em Contagem, a Superintendência de Políticas para Promoção da Igualdade Racial, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, realiza palestras para falar sobre as ações e os desafios enfrentados. Na última terça-feira (26/3), o superintendente e diretor social da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário da Comunidade Quilombola dos Arturos, Jorge Antônio dos Santos, esteve na faculdade Milton Campos para tratar do assunto “multiculturalismo: migração e quilombolas”.
A professora de Direitos Humanos e coordenadora do Núcleo da Diversidade da faculdade, Vânia Guimarães, acompanhada por mais 15 alunos do núcleo, organizaram as atividades ao longo do mês de março. “Esse foi o evento de encerramento das atividades e posso falar que fechamos com chave de ouro. As palestras tiveram muito conhecimento transmitido, fato é que os alunos querem ir conhecer a Comunidade dos Arturos. Acho muito bom Contagem apoiar e promover essas informações e ter um diretor dos Arturos e superintendente de igualdade racial”, disse a professora. Segundo Vânia, a ideia do evento foi de combater a intolerância e ter uma troca cultural e de saberes.
O superintendente Jorge Antônio explicou ao público a origem da Comunidade dos Arturos e também falou sobre o trabalho da superintendência. “Essa Comunidade, ao longo desses anos, foi muito estudada e, através dos estudos, surgiram várias publicações, e assim a comunidade foi obtendo sua valorização. O município de Contagem tem um reconhecimento muito grande para com a Comunidade e nós, há alguns anos, temos um convênio com a Prefeitura na qual ela custeia as maiores necessidades da comunidade dentro das suas questões culturais”, explicou.
Ainda de acordo com o superintendente, a Comunidade tem uma grande abertura de diálogo com o município e outros órgãos do estado em proteção as manifestações. “Hoje, particularmente, tenho uma grande honra por ocupar uma função no município por ser superintendente. Não estou nessa função simplesmente por uma composição, estou ali representando também a Comunidade dos Arturos, além de representar todo o povo de Contagem, o povo negro e o movimento negro que luta pela igualdade social, igualdade racial”, disse.
Ao final de sua fala, o servidor público disse que podemos ter a diferença na cor da pele, mas o nosso sangue não é diferente, e o nosso Criador também é o mesmo, todos somos filhos de Deus. “Avançamos muito com as leis que foram criadas, mas ainda estamos muito longe de uma realidade para o povo negro viver com dignidade neste país”.
A estudante de direito Luisa Mazaré disse que as palestras foram muito completas. “Pegamos toda a parte histórica e também a parte atual. Acho que o que mais marca quando assistimos esse tipo de palestra é entender além do nosso ponto de vista, o que achamos que é importante para esses povos e o que realmente é importante. Essa relação com a terra que a gente não tem e não entende. É muito importante, como aluno, ver que existem outras formas de pensar, que não é a mesma que nos foi ensinada”. Sobre os Arturos, a estudante disse que nem imagina que existe uma comunidade quilombola tão perto. “Pensamos que é algo que está mais distante, mas é aqui bem perto”, disse.
No evento, também esteve presente o Dr. Sébastien Kiwonghi (pró-reitor da Escola Superior Dom Helder Câmara); Dr. Pedro Matos (pesquisador de Cabo Verde na ESDHC); Dr. Matheus Mendonça Leite (Professor da PUC MINAS E Coordenador do Projeto de Extensão "A Luta por Reconhecimento dos Direitos Fundamentais das Comunidades Remanescentes de Quilombolas"; e o Dr. Afonso Henrique de Miranda Teixeira (Procurador de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais).
Comunidade dos Arturos Endereço: rua da capelinha, 50, Jardim Vera Cruz